Tratamento com Cannabis Medicinal em Psiquiatria

Cannabis medicinal como nova alternativa de tratamento no Brasil

Recentemente o tratamento com cannabis medicinal foi aprovado no Brasil, trazendo esperança para muitos pacientes da psiquiatria que não tiveram melhora com os tratamentos já existentes.

A planta Cannabis sativa vem sendo usada para fins medicinais há milhares de anos, por diferentes povos e em diversas culturas, embora hoje se conheçam também seus efeitos adversos.

Cannabis medicinal como nova alternativa de tratamento no Brasil
Óleos de cannabis para tratamento médico

Há indicações do uso da planta na China, a antes da Era Cristã, para tratamento de inúmeras condições médicas como constipação intestinal, dores, malária, expectoração, epilepsia, tuberculose, entre outras.

No início do século XX, extratos de cannabis eram comercializados para tratamento de transtornos mentais, como insônia, melancolia, mania e delirium tremens.

Entretanto, após 1930, houve o declínio do uso da medicina canábica. Nesse período, os princípios ativos da cannabis ainda não haviam sido isolados e os extratos variavam de potência e composição, podendo gerar resultados variados e causar diversos efeitos colaterais.

A Descoberta dos Canabinoides – THC e CBD

Na década de 1960, as estruturas químicas dos principais componentes da cannabis foram identificadas pelo grupo do professor Raphael Mechoulam, de Israel. O Δ9-tetraidrocanabinol (Δ9-THC) recebeu inicialmente maior atenção, por ser o componente psicotrópico da planta. Posteriormente, descobriu-se que este composto se liga no sistema nervoso central aos receptores canabinoides (CBe CB2). Esta descoberta foi seguida do isolamento dos canabinóides endógenos 2-arachidonoylglycerol (2-AG) e N-araquidonoyletanolamina (Anandamida), que fazem parte do Sistema Endocanabinoide.

Atualmente, sabe-se que o Sistema Endocanabinoide modula diversos processos fisiológicos e patofisiológicos, com objetivo de manter a homeostase. Os benefícios da medicina canábica nos transtornos psiquiátricos apresenta interesse crescente.

Desde o início da década de 70 é descrito que outros canabinoides interferem com os efeitos do Δ9-THC, particularmente o Canabidiol (CBD).

O Canabidiol (CBD) é um canabinoide obtido das plantas de cannabis

O que as pesquisas dizem?

Em pesquisas com voluntários saudáveis, o CBD foi administrado simultaneamente ao THC, apresentando melhora da ansiedade e dos sintomas psicóticos induzidos pelo THC. Sabe-se que o CBD não altera os níveis plasmáticos de THC; assim, estes resultados sugerem um efeito ansiolítico e/ou antipsicótico próprio do CBD.

O efeito do CBD na ansiedade foi estudado em voluntários saudáveis, submetidos a um procedimento duplo cego chamado: Simulação do Falar em Público (SFP). Neste procedimento, o sujeito deve discursar em frente a uma câmera. A ansiedade subjetiva é avaliada através de escalas de autoavaliação. Os sinais fisiológicos de ansiedade (frequência cardíaca, pressão arterial, condutância da pele) também são registrados.

Os efeitos do CBD na ansiedade induzida pela SFP foram comparados com os efeitos do placebo (sem efeito terapêutico) e de 2 medicamentos usados no tratamento de ansiedade (diazepam 10mg e ipsapirona 5mg). Os resultados mostraram que tanto o CBD como os dois ansiolíticos reduziram a ansiedade causada pela SFP.

Cannabis e Saúde Mental

Os canabinoides podem ter amplo uso na saúde mental. No entanto, é essencial avaliação médica especializada para cada caso, visto que, a dosagem dos medicamentos canabinoides variam para cada paciente, assim como a resposta terapêutica.

Homeostase do organismo é o objetivo do Sistema Endocanabinoide

A medicina canábica é uma medicina personalizada, pois cada ser humano é único.

Em conclusão, pode-se afirmar que o sistema canabinoide é um alvo promissor para novas intervenções terapêuticas em psiquiatria.

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Palavras-chave: Tratamento com Cannabis Medicinal em Psiquiatria; CBD; Cannabis Medicinal;


Ref. Bibliográfica: Crippa, J. A. S.; Zuardi, A. W.; Hallak, J. E. C. Uso terapêutico dos canabinoides em psiquiatria. Rev. Bras. Psiquiatr. vol.32  supl.1 São Paulo May 2010.<https://doi.org/10.1590/S1516-44462010000500009>